quinta-feira, 26 de novembro de 2009

urgente


Sinto-me.

Escolho a sintaxe.

É tudo urgente.

Como se toda a corrente

sanguínea fluísse

em direção à pele.

É muito urgente.

Conto segundos.

E esta pressão contra

as paredes da pele

me põe em alerta.

É urgente.

Uma sirene

lembra que o estado

é de emergência.

O sangue se esvai

e a alma,ah! a alma,

esta se arrebenta.

Rita

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

estamos aqui




estamos aqui
de perna pro ar
e cabeça na mais alta nuvem
que beija o pico do pico
esperando
o passageiro do trem
chegar ao sol raiar
empunhando uma bandeira
pra enfeitar a minha vila
que tem telhados e caminhos
tem copas de árvores
e ninhos de passarinhos
e no passeio da fumaça
no desenho cheio de graça
sinto despertar as cores do cio
é capaz que hoje eu me deite
no teu colo macio




rita

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

fazer nada


fazer nada é

namorar a árvore que encontrei no caminho

ouvir o cantar do passarinho

assoviar bem de mansinho

olhar os pingos que escorrem na vidraça

beirar a água estando descalça

sentir chegar a chuva e, então, louvá-la

observar formigas em sua jornada

cheirar a flor e dar uma risada

colocar conchas num balde de praia

balançar a rede na preguiça de uma tarde

ficar de pijama sem fazer alarde

contar estórias que não são de verdade

acompanhar o voar das borboletas

abrir e fechar caixinhas e gavetas

passear de carona em uma lambreta

conversar com as ondas do mar

esperar a estrela cadente passar

dizer eu te amo, assim, sem pensar.






rita