sexta-feira, 31 de outubro de 2008

penso que
não sei vencer
a idéia de te perder
dentro do delírio de sonhar
desintegro-me
tentando
lembrar que outrora
tentei te prender
num abraço

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O oco

O oco

O oco ocou
Minha cabeça
Que flutua despida e nua
Do chapéu que carregava

O oco ocou
Este corpo são
Jogou pra lá meu coração
Que já não ousa qualquer destino

O oco ocou
A pedra dura
Desfez a caricatura
Que ousei bordar em mim

O oco ocou
Toda a verdade
Já não há manhã, nem tarde
Apenas o existir da vontade

O oco ocou
Enfim, todo o sentido
Recolheu a poesia em seu abrigo
Já não há como escapar

O oco ocou e se fez oca...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

mar

Amo amar
Amo o mar
Ando a rumar
Nado a rimar
Vaga o luar
Vago é sonhar
Navega o olhar
Na brisa, o ar
A vagabundear

Rita

domingo, 26 de outubro de 2008

esta é do vinicius de moraes, poeta do coração


Pra que chorar
Vinicius de Moraes / Baden Powell


Pra que chorar
Se o sol já vai raiar
Se o dia vai amanhecer
Pra que sofrer
Se a lua vai nascer
É só o sol se pôr
Pra que chorar
Se existe amor
A questão é só de dar
A questão é só de dor
Quem não chorou
Quem não se lastimou
Não pode numa mais dizer
Pra que chorar
Pra que sofrer
Se há sempre um novo amor
Em cada novo amanhecer

girado e gerado













E tudo girava.
Tudo era aquilo
que fora lançado.
E a matéria se fundiu
pela força
de algo
denominado
magnetismo.
E daí,
gerado foi
o lugar
onde piso

meus pés.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

veio à tona, nas entrelinhas


Nas entrelinhas

Aos homens tenho escutado.
E já não creio possuir mais a genuína forma feminina.
Minha armadura foi soldada
Pela voz de pensamentos insanos
e medrosos de um mundo roto.

O tecido é justo.
Arfante é o respirar.
Procuro ar.

Trancaram as portas com todas as voltas da chave.
Vieram outros e tamparam as frestas.

Os sons ritmados
que geladeira,
que relógio,
que máquina,
que zumbe(i).

Todos os vazamentos foram interrompidos devido à devida atitude diante ao desperdício e principalmente diante de toda a possibilidade de despesas desnecessárias, calculadas numericamente a cada passo ousado.
Tudo está sendo resolvido e ordenado diante a razoabilidade métrica de alguns...

Já não ardo, apenas aguardo a faísca que risca esta isca.
Caçar o quê? Ser caçado por quê?
Não cruzo armadilha,
nem armo o bote,
só vejo o pulo de um gato.

Antes de tudo a mente.
Agora de tudo um desejo.
Depois de tudo a vida.

Se porventura,
as máscaras se descolarem,
se o meu “meu” se clarear,
não se fala mais nisso,
surgirá a equação primeira.

Singela delicadeza.

Adeus dor revelada!
Vou te guardar no vão da escada.
Que seja erguido mais
um degrau da imensa espiral.

Axé
Bobagem falar de amor,
Bobagem reclamar da dor.
Eu hoje acordei pensando,
Pensando no meu amor.
Eu hoje acordei pensando,
Pensando no meu amor.

Rita

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

quase

Quase
O luto
Quase
A luta
Quase
Entrementes
Quase
Entre gentes
Quase
Escondo que amo
Quase
Lógico
Admito que odeio
Quase
Vivo
Quase
Morro
Quase
Escancaro
Quase
Te encaro
Quase
Quase

Rita

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

sem dúvida


Como dar conta agora
Do que em meu peito arde
E chora
Como entregar o sonho
Ao vento que passa
E leva embora
O que teria sido
Como um tecido
Colado à pele
Sem rugas
Sem rusgas
Sem sombras
De dúvida.

Rita

dentro de mim


dentro de mim
um mar
dentro de mim
tem um mar
dentro de mim
um herói
dentro de mim
feito de sal
de água e onda
volume de mim
a transversal de mim
o sal conserva
a vaga conversa
feitos de horizontes infindáveis
sigo o traçado do vento
onda vai
de onde vem
mira o mar
rima areia
perfil de sereia
vim de longe
do sem fim
um oceano
dentro de mim

Rita

lembrança do senhor do bonfim


como não me apaixonar
por esse modo de ver as coisas
subjetivamente,
apaixonar-se-me
pelo subjetivo é muito objetivo

rita

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

relevo



Revelo o relevo
Distingo o distante
Crescente em verso
Reverso, minguante

Tento grafar esferas
Agradar as feras
Cavar um buraco
Para me encher de espaço

Vem

Outro dia

Espero

Mais um sol
Fisgado pelo anzol
Pai é chão
O dia, dado

Asas zoam
Somam dias
Caixas vazias
Vizinhas minhas

Vai

Mais um dia,

Espero

Tô aqui de peito tocado
De letra, só letra
O passo marcado
Te dou o recado

Rita em 08

sábado, 11 de outubro de 2008

ser


Ser um
Ser úmido
Sem rumo
Sem muro
Se urro
Sem ser todo
Um ser
Morro

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

derramar


Parece que tudo só está sendo preenchido.
Quando é que vai derramar?
Parece que tudo estava combinado.
Nada era novidade.
Acaso?
Só a calma aquieta a alma.
E a vida só é quando derrama.


Rita

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

no site de elisa lucinda um poema do mario quintana

“Se eu fosse um padre
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
– muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas: nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
... e um belo poema – ainda que de Deus se aparte –
um belo poema sempre leva a Deus!”

Mario Quintana

domingo, 5 de outubro de 2008

sufoco




no pensamento que carrego

penso atenta como um rio


não comando esse levar


a certeza que isso traz


na vazante ou na enchente


é que a semente se desfaz


rompendo o sufoco


que aperta o nó do pescoço


pedaço de grito que geme em ais

rita

quinta-feira, 2 de outubro de 2008


acontece que já não sou alguém
eu agora sou paisagem
caminho até a margem
daquilo que se desenha
a imagem feita do encontro
ou
do confronto de contornos
não sei
se é o desejo das gotas que orvalham
ou então de lágrimas que brotam
sei
apenas que é por demais extensa
esta linha
que ora define
ora confunde
que se funde lá no fundo
e se rasga quando é rasa
imagino que é vaga
a impressão que se deixa

Rita/008

pele


quem me escuta
com a cútis
tece-me
como
a abrupta agulha
quando rompe
o silêncio
da minha pele


rita

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

espinho


Um espinho no pé
É do tamanho
De todo problema
Que porventura
Possa ocorrer
Tudo então é menor

Rita