segunda-feira, 28 de setembro de 2009

sem ser


dia besta
vida besta
sem sentido
silêncio
tem dia que nem o eco se apresenta
até a sombra não se alonga
onde é que termina
onde é que começa
o daqui a pouco do nada
a vontade de nem chegar
nem partir
queria rir de bobeira
chorar sem razão
chupar um limão com sal
pra provar o que espreme
e o que é que geme
deitar no chão
e esquecer de ser

rita

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mas é a cara
que mascara
o coração.
A mais cara
máscara
é de ocasião.
Mascar a goma
ou cair em tentação?
Vou mais é cantar
para a trouxa
não vir ao chão.

rita

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Receita de Arroz


Para cozinhar é preciso muita intuição.
Porque às vezes a receita surge na hora que a gente tá fazendo.
É como um fluxo.
A gente vai fazendo e sabendo, sabendo e fazendo.
Use tuas mãos, teus ouvidos, teu olfato, teus olhos e paladar.
Quer dizer, todos os sentidos.
Para fazer arroz à moda da casa é o seguinte:
Lave o arroz e deixe escorrer.
Quando estiver escorridinho, pegue a panela.
Coloque óleo, deixe esquentar um pouco.
Junte cebola picada, ou alho, ou não coloque nada, só óleo mesmo.
Se colocar cebola, deixe que ela fique dourada.
Se for alho, ele fica também douradinho.
Depois, despeje o arroz e deixe fritar, mexendo com uma colher.
A hora que começar a estalar um pouquinho, quando já está querendo grudar no fundo da panela, coloque o sal e coloque a água.
Pode ser fria.
Se for arroz branco, a água deve ficar dois dedos acima do nível do arroz, se for arroz integral tem que chegar a 3 dedos e meio a quatro.
Pode medir com o cabo da colher.
Quando a água estiver fervendo, abaixe o fogo e tampe a panela.
Não tampe tudo.
Deixe uma fresta para sair o vapor.
A hora que a água secar, vai fazer um barulho de estaladinho, desligue e tampe a panela.
Meio complicado esse meu arroz?
O mais importante é fazer com muito amor.
Porque sentimento e humor são verdadeiros temperos na arte culinária.
rita


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

caju

perfume de cores vivas
amarelavermelhadas
gostosamente doce
delicadamente cheiroso
haste em forma de lua
bendito seja o fruto
mordida seja a fruta

Rita/09

domingo, 13 de setembro de 2009


vai,
chama a tua poesia
que te faz viver o que sonhas.
vem,
traga-me
um pedacinho de vida,
página de uma estória
que estaremos a contar.
chegaremos lá,
pra lá do pra lá,
cumprindo a travessia
como um arco
que apenas promete
o "estar vivo".



Rita

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Como andar no vazio


Para andar no vazio
Há que se perder as preferências
E algumas referências

O pé deve estar solto
Pisando um planeta quase redondo
Onde tudo gira em volta do olho

Onde o nada é apenas nada
E a qualquer tempo
Bebo um copo de limonada

No vazio não há compartimentos
E a distância
Ignora sua importância

A volta e a ida
Confundem-se com a chegada
E com a partida

Quanto à amplitude
Perceba só
Tudo é uma questão de atitude

Não conte com o tempo
Nem com espaço
Pois denso é apenas o abraço

No vazio a dimensão é plena
Algo como as penas
Da índia Jurema

E assim eu ficaria por horas a fio
Num eterno relatar
Do tudo o que é o vazio

A tarefa do vazio é interminável
Pois se trata de uma dimensão
Onde o fim não é viável...

Rita