segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Meu Irmão


Meu Irmão, irmão meu,
O que eu quero te dizer é que o que eu sinto por você é intenso.
E imenso também.
Há muito tempo estamos juntos...
Fomos sonhados e projetados pela mesma matriz.
Bem antes de eu começar a lembrar do que eu lembrava, ali estava você meu irmão.
Não é possível estabelecer quando se iniciou este nosso elo engendrado pela Natureza.
Talvez sejamos, neste ponto de vista, pré históricos, ou mesmo, medievais.
Pensar no nosso passado é de uma vasta dimensão...
Mas, o que eu quero aqui, a partir disto que eu sinto, e que também não consigo dimensionar, é estabelecer e reafirmar um compromisso de futuro.
Que esta nossa vida em comum dure ainda por muito tempo.
Que esse compartilhar comprometa nossos sonhos e que estes germinem novas matrizes e outros tantos projetos e sonhos.
O que eu quero te dizer aqui meu irmão, irmão meu, é que este nosso encontro foi, no mínimo, maravilhoso.

Rita

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

a palavra



a palavra
para mim
é imperdoável
quando é dita já é dada
não pode ser desdita
talvez, emendada
por isso, deve ser bendita
e muito bem empregada
se ela for escrita
no papel ficará lavrada
se acaso for digitada
atenção! a palavra enviada
não será mais controlada
correrá por aí à toa
qual ovelha desgarrada.

rita

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O mar quando quebra na praia

Sabe,
eu preciso falar
É que eu gostaria muito
de ser muito amada
de ser uma Jorge Amada
uma tão amada
que eu me espraiasse
de uma preguiça serena
de quem balança
na varanda de uma rede
sentindo um revoar
macio de saudade de seda
de uma luz que dança
no panejar da palmeira
e da onda que chega
sem compromisso de pressa
nem escassez de espuma
Para isso então
tento transformar uma gota
uma só gota
em um oceano inteiro
um mar sem fim
um pescador de mar
enfim...
é muito bonito o mar
quando quebra na praia

Rita

Poesia



Poesia é corpo.
É experimentação. É natureza.
Às vezes flutuo
Sinto meus pés no ar
E me espalho como nuvem rala.
Outras vezes, fico densa.
Sou concreta como a pedra imensa.
Ou como um seixo que rola ao sabor das marés.
E mais outras, ainda, sinto-me como água.
Líquida.
Fluída.
E desejo a palavra apenas para obter uma forma.
A poesia me preenche e também me esculpe.
A poesia, para mim, é.
Simplesmente.


Rita

confiança


Confiança.

Estou aqui. Esperando para me dirigir ao hospital. Vou ser submetida a uma cirurgia.
Na verdade, estou apavorada por tudo que uma cirurgia implica. Corte, dor, desconforto.
Sou como a nau portuguesa de Fernando Pessoa em seu “Mar Português”.

“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”

Estou tentando passar pelo Bojador e imaginar que vai valer a pena.
Tudo é tão grande... por ser desconhecido.
Mais uma vez me torno líquida.
Mais uma vez fluo neste fluxo que, ora me empurra e ora me puxa.
Para abrir “push”, para fechar “pull”, dizem as portas quando quero passar.
Abrir e fechar portas.
Entregar-se e recolher.Sempre pulsar e nunca trancar.
Azeitar as chaves para que girem no tambor.
Permitir-se o passar por uma passagem, mesmo que seja estreita. Só pra mudar de território, de paisagem e geografia.
Eu só quero mesmo é chegar sem me perder, sem naufragar e nem sucumbir.
E vamos à aventura.
Ao mar.

Rita

terça-feira, 13 de julho de 2010

Sensação de calores.
Muitos calores.
Esquento e esfrio sem parar.
Quem está soprando esta brasa?
Inicialmente tentei conter o calor.
Hoje já são 10 dias que este abrasamento começou.
Lembrei-me de deixar o calor chegar.
Deixá-lo chegar com tudo.
Deixá-lo chegar e também deixar ir embora.
Lembrei-me também que assim devo proceder com as contrariedades que vão chegando no meu dia a dia.
Deixar que venha e depois deixar ir embora.
Não oferecer resistência.
Apenas deixar fluir.

Rita
A espera de um milagre é como esperar por uma lágrima que regue, ao mesmo tempo, a virtude e o pecado.



Rita

terça-feira, 22 de junho de 2010

Formatura da Martina

Hoje é um grande dia.
Dia de fechamento.
Dia de chegada.
Dia de romper a fita e abrir o peito.
De estourar uma champagne e dizer viva!
Dia de quem cumpre a meta.
Dia de quem olha pra trás e vê o caminho percorrido.
De quem olha pra frente e vê um novo horizonte.
Dia de passar por um portal.
Dia que jamais se esquece.
Dia que se ritualiza pra ficar na memória.
Dia de saborear as experiências.
Dia de render graças ao que foi permitido.
Dia de receber as bênçãos de quem torce por você.
Dia de sentir na alma um banho de alegria.
Dia de abrir os braços para receber tantos parabéns.
Parabéns por seu desempenho.
Por toda a jornada.
E, principalmente, por ter acreditado em seu sonho.
VALEU!!!!!!!

Rita em 22 de março de 2010.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Em qualquer cantinho

A vida acontece em qualquer cantinho.
Quando menos se espera,
brota um sinal de vida
ali e ali.
A vida acontece -
- não precisa haver força.
Se dá simplesmente.
E o que pede em troca é
nada nada.
A vida chega e se dispõe
a acontecer mesmo sem querer.
A gente é que precisa conter
pra que não haja uma
explosão de vida.
Ou que ela chegue sem pedir licença.

A gente não estava esperando.

A morte, também, acontece em qualquer cantinho.
Aqui, ali e ali.
Quando menos se espera,
brota um sinal de morte.
Não precisa de nada nada.
Se dá e pronto.
A morte chega e se dispõe
a acontecer mesmo sem querer.
A gente é que precisa conter
pra que não sejamos
consumidos pelo morte.
Ela chega chegando sem pedir licença.

A gente, também, não estava esperando.

rita/10

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O "Poema dos olhos da amada"

Acordei com essa música nos ouvidos.
Acordei com Vinicius de Moraes e me senti abençoada, pois é algo que chega fácil ao coração.
Essa é uma versão da poesia em letra de música cantada por Maria Bethania.
Sei que minha vida tem como fundo as músicas e as poesias de Vinicius de Moraes.
A Benção Vinicius de Moraes!
maria betania canta vinicius


Poema dos olhos da amada


Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Ó minha amada
De olhos ateus
Quem dera um dia
Quisesse Deus
Eu visse um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus...

domingo, 13 de junho de 2010

Matéria Escura


Aonde colocarei
o que me dói?
Ao impacto desta lança,
encontrei a vertigem.
Cheguei ao território
daquilo que não possui forma
e tudo se comprime.
Perdi minhas cordas.
Desfolhei-me.
Já não tenho pétalas.
Choro para ver se escapo.
Como se, em líquido estado,
pudesse eu migrar
deste ingrato espaço.
A tarde sangra,
A luz se apaga.
Em desvario profundo,
eu, no meio do mundo.


rita

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Guzpido Krush

Poesia de Guzpido Krush
http://ventania.blog.br/


Preguntas de la cuchara de plata:
Bueno, yo sabía la respuesta.
Y Nada le digo.
preguntaran de nuevo:
Y Nada, le digo, en verdad es la respuesta.

Sin embargo Nada,
Nada es la respuesta
para
todos los cubiertos.

pero Nada es por la plata
pero Nadie es por mi plata
Dios, los dos a la vez:
Deme pan, deme pan!


6 de junho de 2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Alma Leve

Pois, me diga agora:
aonde despejar o pensar?
Quem vai querer abraçar
o que de mim aflora?
Se tudo o que você precisa,
não é nada do que posso te dar.
Diga que mesmo assim vai ficar,
só pra sentir a passagem da brisa...
Cachoeira quando cai
é força que faz parar o pensamento.
Estou tentando me oferecer como alimento,
mas você já vai muito distante.
Não percebe que a vida é um passar,
que as asas se abrem simplesmente para voar.
O tempo é equidistante ao sonhar...
Quero te enlaçar nesse momento.
Venha que a vida é breve.
Marcaremos o compasso desse abraço,
contando as estrelas do espaço.
Para encher a alma basta um sopro, de leve...

Rita

quinta-feira, 13 de maio de 2010

adoro esta poesia do Nelson Landa

Desde la ventana de la cocina veo,
salvando los patios verdes que se quedan allá abajo,
camisas que vuelan con el viento en el tendal de ropas
de una azotea.
Entre aquì y allá está toda la poesía.
Entre aquí y allá debo encontrar todo el sentido
de la vida.
Nada gobierna sobre mí y no siento el soplo
de ningún destino interponiéndose;
solo esta hora de la tarde en el reloj
y las siguientes,
y todas las cosas.
Cabotaje de las horas:
ese fácil deslizarse por los pasillos laterales
de la felicidad:
café, paz, televisión,
sexo y acumulación
de sabiduría.
Esa ascensión animal del día
hasta su final.
Ese crecer sin darnos cuenta
cruzando comno una flecha a través de los hitos humanos.
Si pudiera volar encontraría más facilamente un sentido
o si fuera un pequeñísimo insecto;
escapando de la conciencia hacia el solo placer
o cambiando de universo hacia otro más abajo.
Pero hay solo este camino;
este quedarse quieto sintiendo la quietud y la velocidad de las cosas,
su inmediatez y su ajenidad.
Y la irrelevancia del corazón.
Sin poder entender lo que me quieren decir
aquellas camisas y pantalones que vuelan
en la azotea de otra casa.

Nelson Landa de "Nada"

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Existem datas que não dá pra passar em branco.
Aliás, nenhuma data dá pra passar em branco, pois a vida se preenche por si mesma.
É que a vida é algo que preenche e é preenchida ao mesmo tempo.
É comum a imagem de um sopro original e divino que animou a vida.
Pois então, já está fazendo 50 anos que se iniciou o sopro da minha vida.
Posso dizer que já fui preenchida de muitas experiências e das mais variadas possíveis.
Algumas que chegaram com a suavidade de uma brisa e outras que chegaram como uma avalanche que modifica totalmente a paisagem.
Neste sopro vieram muitas aventuras.
Algumas muito bem sucedidas, como o nascimento de meus filhos.
Outras que não deram tão certo como conciliar os cuidados domésticos com uma performance profissional de primeira linha.
Experimentei já de todos os sabores.
Os amargos, doces, picantes, salgados, azedos, mas me encontro perfeitamente aberta para novas possibilidades e combinações.
Hoje eu sei que mesmo as experiências mais difíceis de engolir são possíveis de serem transformadas em algo agradável ao paladar.
Meus humores já percorreram muitas oscilações e caminhos inusitados.
Já experimentei todas as montanhas russas do humor com todos os altos, baixos, curvas e loopings.
E por mais emocionante que tudo tenha sido, dá pra ver que sobrevivi.
Experimentei muitas vezes, no mesmo dia, ser a mais feliz de todas as criaturas e momentos depois me perguntava se o criador se esquecia de mim.
As sensações que passaram por meus sentidos foram inúmeras e eu já colecionei um bocado delas.
Aliás, esse lance de cinquenta me dá uma sensação de metade.
É assim, não é?
A medida da metade é 50%.
Então é esta sensação que coloco na minha coleção particular de sensações.
Sensação de ter chegado mais ou menos na metade do caminho.
O número cinquenta me lembra a palavra mais singela que há: sim.
Por isso, o que eu quero mais é dizer sim.
Sim à vida que se apresenta e me preenche.
Sim àquela que me tornei.
Sim a todos que me cercam e me inspiram a fazer poesia.
Sim, para todas as celebrações e vivas.
Sim, para todo amor que por ventura brote do meu coração.
Sim é hoje o meu ato de fé.

Rita/ maio /2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

o número zero é múltiplo de todos os outros

o vazio é comum a tudo que existe

só dá pra algo ser aonde ele cabe

só o vazio pode ser preenchido

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

só pela vida
onda idéia
tanta e tonta
vai-se ainda
vê-se tanto
conforme o nome
vizinho ao lado
olho molhado
tomba o coração
doido doído
de tudo mudado.


Rita/10

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O nada é um lugar

flexível, de juntas soltas,

onde não se deseja nada

e a felicidade é plena.
olho o céu
de uma
maneira que
posso dizer
eu sou o
céu.
mergulhada
no azul, vejo
o desenho
de uma nuvem rala
daquelas
que se
estiram tanto
que é como
se dissolvessem.
                                
sou céu
céu sou
e é só.