quarta-feira, 14 de julho de 2010

confiança


Confiança.

Estou aqui. Esperando para me dirigir ao hospital. Vou ser submetida a uma cirurgia.
Na verdade, estou apavorada por tudo que uma cirurgia implica. Corte, dor, desconforto.
Sou como a nau portuguesa de Fernando Pessoa em seu “Mar Português”.

“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”

Estou tentando passar pelo Bojador e imaginar que vai valer a pena.
Tudo é tão grande... por ser desconhecido.
Mais uma vez me torno líquida.
Mais uma vez fluo neste fluxo que, ora me empurra e ora me puxa.
Para abrir “push”, para fechar “pull”, dizem as portas quando quero passar.
Abrir e fechar portas.
Entregar-se e recolher.Sempre pulsar e nunca trancar.
Azeitar as chaves para que girem no tambor.
Permitir-se o passar por uma passagem, mesmo que seja estreita. Só pra mudar de território, de paisagem e geografia.
Eu só quero mesmo é chegar sem me perder, sem naufragar e nem sucumbir.
E vamos à aventura.
Ao mar.

Rita

Nenhum comentário: